Centenas marcharam em defesa do hospital
Centenas de pessoas participaram em 15 de abril numa marcha em defesa do Centro Hospitalar de Setúbal, exigindo que o Governo tome medidas para que o Hospital de São Bernardo tenha as urgências abertas em permanência e os profissionais necessários.
“Os autarcas, profissionais de saúde, utentes e população, reunidos nesta ‘Marcha pela Saúde’, em defesa do Centro Hospitalar de Setúbal [CHS], exigem que o Governo tome medidas para que o hospital funcione com urgências abertas em permanência e com profissionais de saúde que assegurem o seu funcionamento”, lê-se na resolução aprovada, por aclamação, no final da marcha.
Antes da aprovação da resolução, na última das cinco intervenções que tiveram lugar no Largo José Afonso, o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, recordou que há dois anos alguns serviços do hospital “já tinham metade dos profissionais” que eram necessários, o que originou a demissão dos diretores hospitalares.
“Passaram meses, o Ministério da Saúde não tomou nenhuma decisão e os diretores hospitalares apresentaram a sua demissão, mas continuaram a trabalhar para demonstrar a quem de direito o que estava a acontecer”, recordou o autarca, agradecendo àqueles dirigentes pela forma como atuaram.
André Martins sublinhou que hoje assiste-se a um “degradar da situação” no CHS, considerando que está em causa a “capacidade política” do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, “para responder a um direito constitucional” dos cidadãos. “Alguém tem de assumir a responsabilidade política de criar as condições para que o Serviço Nacional de Saúde tenha financiamento e garanta a permanência dos profissionais”.
O presidente da Câmara disse que não vê “serem tomadas as medidas necessárias para que, a prazo, sejam criadas as condições” de acesso das populações à saúde, prevendo que a situação vai agravar-se nos próximos meses “se não forem tomadas medidas”, porque o verão chega em breve e “as pessoas têm direito às suas férias”.
Prometeu ainda que os autarcas vão continuar a lutar “até que, da parte do Governo, haja decisões que garantam confiança para o futuro” do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e do CHS, sublinhando que as urgências hospitalares estão “cada vez mais congestionadas porque os centros de saúde não dão resposta” às situações de proximidade.
“Dentro de um mês e meio vamos ter em Azeitão instalações com todas as condições. A questão que coloquei ao senhor ministro foi: com que profissionais?”, afirmou André Martins, referindo-se ao centro de saúde para o qual a Câmara Municipal de Setúbal cedeu o terreno, fez o projeto e assumiu o acompanhamento da obra.
A marcha teve início na Praça Vitória Futebol Clube e desfile até ao Largo José Afonso, onde também houve intervenções dos presidentes das câmaras municipais de Palmela e Sesimbra, Álvaro Amaro e Francisco de Jesus, respetivamente, bem como das representantes da Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Concelho de Setúbal, Rosa Maria, e do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, Julieta Sousa.
Empunhando uma tarja onde se lia “Setúbal e a região precisam de um hospital a 100 por cento – Por um Serviço Nacional de Saúde de qualidade para todos!”, André Martins, Álvaro Amaro e Francisco de Jesus encabeçaram a marcha, juntamente com vereadores e presidentes de juntas de freguesia.
Os manifestantes empunharam tarjas e cartazes e gritaram palavras de ordem em defesa do SNS e do CHS, exigindo, entre outras coisas, “médicos para todos” e “mais investimento” na saúde, além da abertura a tempo inteiro das urgências pediátricas do Hospital de São Bernardo, em Setúbal.
Francisco de Jesus considerou que se tem “assistido a retrocessos” em questões concretas, como o encerramento de urgências, defendendo que “uma boa resposta dos centros de saúde, com horários alargados e profissionais em número suficiente, desanuvia o hospital”.
Álvaro Amaro, por sua vez, notou que “um hospital a 100 por cento é um hospital de referência”, no qual haja “valorização dos profissionais e equipamentos modernos”, afirmando, a propósito da obra em curso de ampliação do Hospital de São Bernardo, que não se pode “correr o risco de ter paredes sem gente dentro”
A manifestação foi convocada pelo Fórum Intermunicipal da Saúde, reunido em 23 de março no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Setúbal, com o objetivo de exigir que o Hospital de São Bernardo tenha as urgências abertas em permanência e profissionais de saúde que assegurem o seu funcionamento.
Convocado pelos presidentes das três câmaras municipais, o Fórum, que reuniu várias entidades ligadas ao setor, discutiu a decisão da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde de, no âmbito da reorganização das urgências pediátricas na Área Metropolitana de Lisboa, encerrar ao fim de semana, de 15 em 15 dias, as urgências pediátricas do Hospital de São Bernardo.