Convento da Arrábida
Tem origem numa lenda que nos conta que um mercador inglês que se dirigia a Lisboa teria sido surpreendido por uma forte tempestade que partiu o mastro do seu barco, que ficou à deriva. Temendo o pior, a tripulação procurou a ajuda de uma imagem da Virgem que se encontrava num oratório, mas ela havia desaparecido. Nesse mesmo momento, vislumbraram uma luz que brilhava ao fundo e, de imediato, a tempestade amainou. Assim que amanheceu, subiram à serra para procurar a origem daquela estranha luz e, surpreendidos, encontraram a imagem desaparecida.
Atribuindo a salvação a um milagre, alguns dos homens decidiram ficar para sempre neste lugar, dando origem ao primeiro ermitério.
A fundação do convento resultou de um encontro que D. João de Lencastre (primeiro duque de Aveiro) teve, em Espanha, com Frei Martinho, um religioso castelhano, que lhe terá confessado o seu desejo de fazer uma vida eremita dedicada exclusivamente a Nossa Senhora. O duque indicou-lhe a Arrábida, onde já existia uma ermida em que se venerava Nossa Senhora da Arrábida.
A primeira comunidade, constituída por Frei Martinho e três outros religiosos, instalou-se, em 1539, junto à ermida da Memória, já então centro de grandes romarias. Durante dois anos viveram em celas escavadas nas rochas. Estas celas e as capelas que se encontram na parte mais elevada da serra constituem o que é designado por Convento Velho.
Porque as condições de vida eram duríssimas, uma nova comunidade funda em 1542 o Convento Novo, constituído por igreja, capelas, celas minúsculas, fontes, cozinha e refeitório e biblioteca, num jogo de volumes e desníveis que constitui um belíssimo exemplo de integração da arquitectura na paisagem.
Na sacristia, ex-votos lembram a grande devoção das nossas gentes pela Senhora da Arrábida. Na fachada da Igreja pode-se ver uma curiosa escultura de grandes dimensões de Frei Martinho, onde o religioso surge com os braços abertos, os olhos vendados e a boca fechada por um cadeado. Nas mãos empunha um círio e um cilício e tem os pés assentes sobre um dragão e a esfera do mundo.
Junto ao Convento, no Santuário do Bom Jesus existe uma interessante construção de meados do século XVII, com um pequeno jardim.